Tiros na lenha
- Meu alferes... estão a atacar a malta da lenha!
Corri para o exterior, e a situação não deixava dúvidas - um tiroteio intenso chegava até nós, no destacamento da Vamba, vindo de zona onde um grupo de homens fora recolher lenha, a cerca de um quilómetro.
Só havia disponível a Berliet, e imediatamente homens, espingardas e cartucheiras a encheram, "voando" para a zona dos tiros.
Reparei que não tinha ido nenhum furriel no grupo da lenha, o que, a haver necessidade de relatório, significava sérios problemas disciplinares.
A expectativa de encontrar alguns dos meus homens mortos ou feridos, a consciência de que a normalidade do grupo estaria inevitavel e irremediavelmente afectada, não deixaram o mais pequeno espaço para medos, mas criaram uma sensação surda de vertigem e enjoo, que a adrenalina da acção iminente potenciava.
Não tinha dúvidas de que a nossa chegada poria fim à batalha - se ela durasse até chegarmos - mas nem queria imaginar os estragos humanos que iríamos encontrar.
Foi breve a vertiginosa viagem, e lá estavam os quatro homens, serena e tranquilamente, a cortar lenha.
Para nosso espanto, não tinham ouvido qualquer tiro, não entendendo o nosso alvoroço.
Regressámos aliviados à base táctica, mas o tiroteio fora indiscutível, sendo urgente identificar a sua origem.
Contactada a sede da companhia, fui informado que um grupo de combate tinha ido para junto da pista de aviação, fazer treino de tiro.
Estranha situação:
Na base táctica, um grupo de artilharia fazia todos os dias tiros de canhão, que não eram audíveis na companhia, a dez quilómetros de distância;
Uns tiros de espingarda na companhia, foram claramente ouvidos na base táctica, mas não por quem se encontrava entre os dois pontos.
Aceitam-se explicações.
(Narrativa de Avelino Lopes)
Corri para o exterior, e a situação não deixava dúvidas - um tiroteio intenso chegava até nós, no destacamento da Vamba, vindo de zona onde um grupo de homens fora recolher lenha, a cerca de um quilómetro.
Só havia disponível a Berliet, e imediatamente homens, espingardas e cartucheiras a encheram, "voando" para a zona dos tiros.
Reparei que não tinha ido nenhum furriel no grupo da lenha, o que, a haver necessidade de relatório, significava sérios problemas disciplinares.
A expectativa de encontrar alguns dos meus homens mortos ou feridos, a consciência de que a normalidade do grupo estaria inevitavel e irremediavelmente afectada, não deixaram o mais pequeno espaço para medos, mas criaram uma sensação surda de vertigem e enjoo, que a adrenalina da acção iminente potenciava.
Não tinha dúvidas de que a nossa chegada poria fim à batalha - se ela durasse até chegarmos - mas nem queria imaginar os estragos humanos que iríamos encontrar.
Foi breve a vertiginosa viagem, e lá estavam os quatro homens, serena e tranquilamente, a cortar lenha.
Para nosso espanto, não tinham ouvido qualquer tiro, não entendendo o nosso alvoroço.
Regressámos aliviados à base táctica, mas o tiroteio fora indiscutível, sendo urgente identificar a sua origem.
Contactada a sede da companhia, fui informado que um grupo de combate tinha ido para junto da pista de aviação, fazer treino de tiro.
Estranha situação:
Na base táctica, um grupo de artilharia fazia todos os dias tiros de canhão, que não eram audíveis na companhia, a dez quilómetros de distância;
Uns tiros de espingarda na companhia, foram claramente ouvidos na base táctica, mas não por quem se encontrava entre os dois pontos.
Aceitam-se explicações.
(Narrativa de Avelino Lopes)