Álcoois e perfumes
A certa altura tivemos falta de... cozinheiros. Um arranjou uma doença crónica (pois... dessas!) que obrigou a afastá-lo da cozinha, descobriu-se que o Garcia, do nosso grupo sabia cozinhar (e bem, diga-se já) mas, com férias e doenças, às tantas estávamos sem solução na Vamba. Depois de muita pesquisa lá chegámos a uma saída que deixou toda a gente a torcer o nariz - o Catoco.
O Catoco era um rapaz do recrutamento local com idade entre os 20 e os 50 (ele não sabia), muito limitado, mas que... em tempos... enfim... tinha cozinhado umas coisas... e... bem...
À falta de alternativas, vigiado pelo Encantado, avança o Catoco.
Não me lembro bem do que foram os seus cozinhados, mas sei que não matou ninguém. Não é que não tenha tentado envenenar um soldado - o próprio Catoco. Eu explico:
- Meu alferes, venha ver o que se passa com o Catoco.
Lá segui o Encantado até à zona a que chamávamos cozinha, e onde o Catoco, com um ar da mais absoluta felicidade, de cutelo na mão e cambaleante, o ia elevando e deixando cair sobre o tronco a que chamávamos bancada de cozinha. Em cima do tronco, um naco de carne esperava pacientemente que ele a cortasse, mas o cutelo nem dela se aproximava, quanto mais cortar.
O Catoco era um rapaz do recrutamento local com idade entre os 20 e os 50 (ele não sabia), muito limitado, mas que... em tempos... enfim... tinha cozinhado umas coisas... e... bem...
À falta de alternativas, vigiado pelo Encantado, avança o Catoco.
Não me lembro bem do que foram os seus cozinhados, mas sei que não matou ninguém. Não é que não tenha tentado envenenar um soldado - o próprio Catoco. Eu explico:
- Meu alferes, venha ver o que se passa com o Catoco.
Lá segui o Encantado até à zona a que chamávamos cozinha, e onde o Catoco, com um ar da mais absoluta felicidade, de cutelo na mão e cambaleante, o ia elevando e deixando cair sobre o tronco a que chamávamos bancada de cozinha. Em cima do tronco, um naco de carne esperava pacientemente que ele a cortasse, mas o cutelo nem dela se aproximava, quanto mais cortar.
E o Catoco ria, ria, ria...
A seus pés, um jerrican, tombado, "explicava" o sucedido. O jantar era carne estufada, e tínhamos entregue ao Catoco 15 litros da mixórdia a que chamávamos vinho, feita em Angola, talvez à base de álcool desnaturado, e que apenas arriscávamos usar na cozinha, mas o jerrican estava vazio. - Catoco, o que é que aconteceu ao vinho? - Ué... bebeu... E ria, ria, ria. Sobreviveu! Mas em Quiximba foi muito mais fino - qualidade e não quantidade! Um dia ao voltar ao quarto deparei com o frasco de after-shave vazio. Estava inteiro, não havia vestígios de derrame, pelo que chamei o rapaz (civil) que arrumava os quartos e peguntei-lhe o que se tinha passado, adivinhando a inevitável resposta: - Ué... bebeu... Também sobreviveu! Narrativa de Avelino Lopes |