Banhos
Santa Isabel foi local de extremos - óptimas condições na companhia, contrastavam com a lástima que era o destacamento da Vamba. Em Quximba, as condições eram mais limitadas, mas, Zau Évoa, o local alternativo, incomparavelmente melhor que a Vamba.
Um dos privilégios que os oficiais tinham em Santa Isabel e perderam em Quiximba, era o banho quente.
O capitão tinha um esquentador, que instalou à chegada a Quiximba, mas que não funcionava por falta de pressão da água. Desistiu-se do banho quente.
A minha mulher acusa-me de ser teimoso (e tem razão), mas a teimosia nem sempre é um defeito. Eu achava que o esquentador DEVIA funcionar!
Desculpem as contas, isto não vai ser uma aula de física ou matemática, mas tenho que me explicar: o esquentador era de baixa pressão, ou seja, trabalhava com uma pressão de 2 Kg. Os depósitos de distribuição da água canalizada no quartel estavam numas plataformas com 4 metros de altura, pelo que, descontando o metro e meio do esquentador ao solo, havia um desnível de 2.5 metros, que teoricamente deveria gerar uma pressão de 2.5 Kg.
O problema estava na distância, e na necessidade de distribuir a água por todo o quartel, fazendo com que chegasse à messe, praticamente no extremo oposto, com muito menos pressão.
Se os depósitos estivessem perto da messe...
Lembrei-me do sofisticado sistema de banhos na Vamba.
O pessoal em geral tinha 4 tipos de banho disponíveis: Mangueira Alguidar Chuva Nenhum O oficial (e não me lembro se também os furriéis) tinha mais um - o duche morno. Tratava-se de uma complexíssima e sofisticadíssima obra de engenharia militar, que, esperando não estar a violar qualquer segredo ou patente, passo a descrever: |
Nas traseiras da barraca, em cima duma pilha de... coisas, foi colocado um bidon de 200 litros, e que era atestado com regularidade. Junto da base saía uma mangueira, que passando pela parede da barraca, tinha, na outra ponta um chuveiro com torneira. Durante o dia, o sol aquecia o bidon, pelo que a água saía a uma temperatura razoável.
Se o bidon estivesse a mais de dois metros de altura, deveria disparar um esquentador...
Resolvi copiar o modelo em Quiximba, e o capitão concordou. Nas traseiras da messe foi construído um palanque em bambu, com 4 metros de altura, em cima do qual se colocou um outro bidon, com mangueira saindo para... o esquentador. Encheu-se o bidon e... o esquentador funcionou.
Depois foi só optimizar o sistema - usando as regras dos vasos comunicantes, e o facto de bidon e depósitos estarem exactamente à mesma altura, estendeu-se uma mangueira pelo ar (tipo festão de arraial) a ligá-los. Sem necessidade de bombagens ou torneiras, ao encher os depósitos gerais o bidon enchia simultaneamente, e Quiximba passou a ter banho quente.
Só para alguns... infelizmente.
Se o bidon estivesse a mais de dois metros de altura, deveria disparar um esquentador...
Resolvi copiar o modelo em Quiximba, e o capitão concordou. Nas traseiras da messe foi construído um palanque em bambu, com 4 metros de altura, em cima do qual se colocou um outro bidon, com mangueira saindo para... o esquentador. Encheu-se o bidon e... o esquentador funcionou.
Depois foi só optimizar o sistema - usando as regras dos vasos comunicantes, e o facto de bidon e depósitos estarem exactamente à mesma altura, estendeu-se uma mangueira pelo ar (tipo festão de arraial) a ligá-los. Sem necessidade de bombagens ou torneiras, ao encher os depósitos gerais o bidon enchia simultaneamente, e Quiximba passou a ter banho quente.
Só para alguns... infelizmente.
Contado por Avelino Lopes