Insólito
Há coisas curiosas, e que ficarão para sempre sem explicação:
Numa operação de seis dias, estava no acampamento, sentado no chão a jantar, quando senti uma ligeira picada na perna esquerda. Era como se uma pedrinha ou graveto estivesse a ser pressionado pela perna, pelo que, distraidamente, passei a mão por debaixo do rabo e perna, afastando o que estivesse por debaixo. Estranhamente, a sensação persistiu, pelo que me levantei e olhei cuidadosamente para o chão, a ver o que poderia estar a causar aquele pequeno incómodo. Nada vi - nem pedra, nem pau, nem bicho... nada! |
Continuei a jantar, mas o incómodo nunca mais me abandonou - mesmo em pé a sensação de qualquer coisa comprimir-me a perna persistia.
No dia seguinte nem queria acreditar: a perna inchara, pela frente, sendo de todo impossível articular uma virilha que parecia um balão. O enfermeiro carregou-me de antibióticos, e já não participei na batida desse dia, mas à noite estava pior - sem febre, sem dores, mas com um cepo disforme no lugar onde me lembrava ter tido uma perna.
Estava já o capitão a ponderar a evacuação, quando da companhia chega um rádio do Primeiro-Sargento a informar que eu tinha que voltar à unidade antes de 4ª feira, pelo que a operação, prevista para durar até sexta, tinha que ser suspensa.
Acabou "a guerra", e lá voltámos todos ao quartel, sem eu saber qual a minha maior preocupação - se o inchaço, se o importante motivo que exigia a minha presença, ao ponto de interromper a actividade operacional.
Agora... não riam, por favor!
Ao chegar fui informado de que tinha sido recebido um documento que eu tinha que assinar e devolver imediatamente ao quartel-general, ou seja, tinha que seguir para Luanda no MVL de quarta-feira. E o que era esse documento?
Antes de ser mobilizado, estava colocado em Mafra, como aspirante, quando recebi instruções para me deslocar a Alenquer com uma secção, comandando as honras militares no funeral de um sargento-ajudante morto na Guiné. Nunca mais me lembrei do assunto, até que, quase dois anos depois, alguém descobriu que eu tinha direito a receber 16$00 (8 cêntimos) como ajudas de custo, e o papel a assinar era, nem mais nem menos, que o recibo dessa astronómica quantia.
O que é curioso, é que a perna desinchou quase de imediato. Efeito dos antibióticos ou... das gargalhadas?
Contado por Avelino Lopes
No dia seguinte nem queria acreditar: a perna inchara, pela frente, sendo de todo impossível articular uma virilha que parecia um balão. O enfermeiro carregou-me de antibióticos, e já não participei na batida desse dia, mas à noite estava pior - sem febre, sem dores, mas com um cepo disforme no lugar onde me lembrava ter tido uma perna.
Estava já o capitão a ponderar a evacuação, quando da companhia chega um rádio do Primeiro-Sargento a informar que eu tinha que voltar à unidade antes de 4ª feira, pelo que a operação, prevista para durar até sexta, tinha que ser suspensa.
Acabou "a guerra", e lá voltámos todos ao quartel, sem eu saber qual a minha maior preocupação - se o inchaço, se o importante motivo que exigia a minha presença, ao ponto de interromper a actividade operacional.
Agora... não riam, por favor!
Ao chegar fui informado de que tinha sido recebido um documento que eu tinha que assinar e devolver imediatamente ao quartel-general, ou seja, tinha que seguir para Luanda no MVL de quarta-feira. E o que era esse documento?
Antes de ser mobilizado, estava colocado em Mafra, como aspirante, quando recebi instruções para me deslocar a Alenquer com uma secção, comandando as honras militares no funeral de um sargento-ajudante morto na Guiné. Nunca mais me lembrei do assunto, até que, quase dois anos depois, alguém descobriu que eu tinha direito a receber 16$00 (8 cêntimos) como ajudas de custo, e o papel a assinar era, nem mais nem menos, que o recibo dessa astronómica quantia.
O que é curioso, é que a perna desinchou quase de imediato. Efeito dos antibióticos ou... das gargalhadas?
Contado por Avelino Lopes