Fala bringada
A s nossas feministas teriam pano para mangas na Angola colonial, tal era a diferença de estatuto e condições de vida entre homens e mulheres na população nativa.
É "clichet" entre os militares a resposta de um indígena sentado à sombra, a curtir o marufo, quando um militar lhe perguntou:
- Então, não trabalhas?
- Ué, não precisa, tem mulher!
Que a mulher angolana somasse à lida da casa o trabalho nas lavras não a distinguiria de muita mulher rural portuguesa, mas a diferença é que enquanto entre nós os homens assumem geralmente os trabalhos mais pesados, em África isso não era assim tão linear, sendo comum ver mulheres esmagadas por enormes carradas na cabeça, com o homem ao lado, transportando apenas a catana. Essa era uma das razões porque as fazendas, para terem trabalho masculino "importavam" carradas de bailundos, mais dóceis e disponíveis para o trabalho.
A juntar a tudo isso, umas condições sanitárias arrepiantes, eram a razão duma esperança de vida à nascença de pouco mais de metade do que se verificava entre a população branca. A resposta biológica à mortalidade infantil elevada, e a total ausência de qualquer forma de planeamento familiar, faziam com que a mulher angolana começasse a ter filhos pouco depois dos 13, 14 anos, e continuasse ao ritmo de um por ano, enquanto a natureza e a saúde o permitissem. Com o trabalho a apertar, a gravidez e o parto eram apenas mais uma pequena dificuldade.
Vem isto a propósito de uma cena vivida em Santa Isabel, quando, num fim de tarde, debruçados na varanda da residência do gerente da fazenda, e que era, simultaneamente messe de oficiais, assistíamos ao regresso dos civis à sanzala, e o médico do batalhão, que nos acompanhava exclamou:
- Aquele bebé é um recém-nascido.
Desceu imediatamente, e eu fui com ele, ao encontro de uma mulher com a criança às costas, enrolada em trapos como era usual, embaraçada por o médico se lhe dirigir.
- Então esse menino nasceu hoje?
.- É, sim.
. - E nasceu onde?
É "clichet" entre os militares a resposta de um indígena sentado à sombra, a curtir o marufo, quando um militar lhe perguntou:
- Então, não trabalhas?
- Ué, não precisa, tem mulher!
Que a mulher angolana somasse à lida da casa o trabalho nas lavras não a distinguiria de muita mulher rural portuguesa, mas a diferença é que enquanto entre nós os homens assumem geralmente os trabalhos mais pesados, em África isso não era assim tão linear, sendo comum ver mulheres esmagadas por enormes carradas na cabeça, com o homem ao lado, transportando apenas a catana. Essa era uma das razões porque as fazendas, para terem trabalho masculino "importavam" carradas de bailundos, mais dóceis e disponíveis para o trabalho.
A juntar a tudo isso, umas condições sanitárias arrepiantes, eram a razão duma esperança de vida à nascença de pouco mais de metade do que se verificava entre a população branca. A resposta biológica à mortalidade infantil elevada, e a total ausência de qualquer forma de planeamento familiar, faziam com que a mulher angolana começasse a ter filhos pouco depois dos 13, 14 anos, e continuasse ao ritmo de um por ano, enquanto a natureza e a saúde o permitissem. Com o trabalho a apertar, a gravidez e o parto eram apenas mais uma pequena dificuldade.
Vem isto a propósito de uma cena vivida em Santa Isabel, quando, num fim de tarde, debruçados na varanda da residência do gerente da fazenda, e que era, simultaneamente messe de oficiais, assistíamos ao regresso dos civis à sanzala, e o médico do batalhão, que nos acompanhava exclamou:
- Aquele bebé é um recém-nascido.
Desceu imediatamente, e eu fui com ele, ao encontro de uma mulher com a criança às costas, enrolada em trapos como era usual, embaraçada por o médico se lhe dirigir.
- Então esse menino nasceu hoje?
.- É, sim.
. - E nasceu onde?